quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Ensaio sobre a cegueira, por Solange Sousa


Olá leitores, sou Solange Souza, mediadora de leitura da Biblioteca Comunitária Clementina de Jesus, e indico a leitura do livro Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago.

A obra nos faz refletir e temer a própria humanidade diante uma situação caótica, pois inicia com o relato de um motorista parado em um sinal de transito que subitamente descobre que está cego de uma cegueira diferente. Esse é o primeiro caso de uma treva branca que logo se espalha pela cidade. Saramago escreve, com poucos pontos, muitas vírgulas e com discurso corrente, esse tipo de escrita faz com que os acontecimentos descritos passem pela mente do leitor com muita velocidade; desta forma prossegue a descrição de vários personagens que vão ficando cegos sem dar nem uma pausa para respirar. Quando paramos percebemos que Saramago não deu nome a cidade, aos personagens e nem datou os acontecimentos, deixando este relato tão aberto a imaginação do leitor, que é impossível não tememos uma epidemia de verdade, e passamos a imaginar como agiriam as autoridades em uma situação como essa.


Resguardado em quarentena, os cegos se percebem reduzidos a nada, numa verdadeira imagem ás trevas. No entanto, entre os cegos presos no manicômio, por ordem governamental, existe uma mulher que inexplicavelmente consegue enxergar as imagem descritas pelo autor,  que vai desde mulheres tomando banho de chuva na varanda até a cenas horríveis de cachorros devorando cadáveres.

Da mesma forma, o velho da venda preta é quem abre os olhos do leitor para realidade do mundo. Os mais fortes abusam do poder e o instinto de sobrevivência vai tomando conta dos homens. No final do livro, o leitor está encantado com a literatura, e assustado com a dúvida que o autor nos coloca indiretamente.

Cada leitor vive uma experiência imaginária única. José Saramago nos obriga a parar, fechar os olhos e ver o que somos e do que somos capazes de fazer numa situação inusitada.


Em 2008 uma adaptação do livro chegou às telonas. A obra teve direção de Fernando Meirelles e conquistou o Prêmio Nobel além de ter aberto o Festival de Cannes de 2008. Confira o trailler!


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